DIFERENÇA, NORMALIDADE,
DEFICIÊNCIA: ESTUDO DE CASO EM ESCOLA PÚBLICA
BARROS,
Nelma Gomes de
Nota-se o enfrentamento, do
indivíduo, quanto às desigualdades sociais existentes, tais desigualdades que
aumentam a carência da criança e do adolescente no Brasil. Carência esta,
inclusive, quanto à falta de pai ou de mãe e, principalmente que sofre o preconceito
por ser um portador de deficiência. Assim, se forma uma sociedade que é
resultado de um processo histórico, onde o modelo capitalista faz separações,
envolvendo o padrão de vida do indivíduo como forma de camada social. Neste
contexto, está à criança ou adolescente com deficiência, que é a maior vítima
pelo fato de pouco poder de luta.
Há de ser visto que toda
diferença é necessária dentro da sociedade e que o que é ruim é a desigualdade
no tato às pessoas e, assim, reforçando o preconceito velado há muito tempo
quanto a inúmeros casos, mas principalmente, no que se refere à condição sexual
dos indivíduos, que é um direito, porém nem sempre respeitado.
É importante considerar
que uma definição se faz necessário, em nível geral, sobre a palavra “deficiência”.
Se esta definição for de uma consulta em um dicionário pode-se entender como
sendo “falta, defeito, falha”; e para melhor esclarecer pode-se acrescentar que
com referência a palavra “deficiente” se encontra “falho, incompleto” (AURÉLIO,
2000), o que nos leva a concluir que deficiente é aquele que tem uma falha, um
defeito no corpo, na mente ou no organismo.
No Brasil considera-se uma
pessoa com deficiência aquela que se enquadra nas categorias de deficiências
físicas, auditiva, visual, mental e múltipla, conforme apresentado no Decreto
nº. 3298 de 20 de dezembro de 1999 (BRASIL, 2001). Segundo Sassaki (1997, p.
27), em âmbito geral pode se dizer que a “pessoa com deficiência” é a que
apresenta significativas diferenças físicas, sensoriais ou intelectuais em
comparação às outras; que apresenta caráter permanente e que acarretam
dificuldades em sua interação com o meio físico e social, decorrentes de
fatores inatos e/ou adquiridos.
De acordo com o autor
Marcondes (1992, p. 28) pode-se ver a deficiência como sendo falta e deficiente
é como aquele que tem uma falha, incompleto, imperfeito, onde se pode concluir
que deficiente é aquele que possui uma falha, um defeito no corpo, na mente ou
no organismo de uma pessoa. Coloca-nos ainda que a deficiência no sentido mais
genérico, não só do seu portador é considerada no sentido maior, engloba não só
o que o indivíduo traz de desvantagens, como o que a sociedade traz em si
mesmo, em incompetência.
Logo, entende-se que
deficiência diz respeito às seqüelas resultantes de um impedimento que venha
restringir a execução de uma ou mais atividades consideradas normais às
pessoas, o que pode gerar a “incapacidade” que acontece quando, em virtude de
uma deficiência, a pessoa se torna impossibilitada de viver integrada ao seu
meio considerando a idade, sexo, fatores sociais e culturais.
Outro problema que se pode
levantar a respeito destas conceituações é que num país subdesenvolvido a
deficiência, no seu sentido mais amplo, se confunde em muito com incapacidade,
devido às condições encontradas pelos deficientes na sua tentativa de se
integrar ao meio. Isto posto, pode se afirmar, que uma deficiência é antes de
qualquer definição, genérica ou específica, um drama para quem, por ventura,
venha a ser portador ou mesmo para seus familiares e amigos, pois, por mínima
que seja, ela impedira alguma atividade considerada corriqueira para qualquer
pessoa (MOURA, 1992, p. 02).
Vale ressaltar que os
diversos tipos de deficiência só se tornam de fato um problema quando não
tratados com eficiência, e que uma condição de aparente normalidade pode se
tornar uma deficiência, se o individuo sentir-se incapaz de realizar as coriqueiras
atividades durante o seu dia-a-dia.
Surkhein (2001, p. 19),
nos ensina que “O ser humano é um ser gregário e apegado por natureza, isto é,
vive em grupo familiar, profissional e outros”, assim, faz da visão do grupo a
que pertence sua baliza de atuação e é ela que determina suas ações e reações.
É a visão de grupo sobre sua pessoa que determina a formação de sua
auto-imagem, com a qual irá atuar no cenário da vida, de acordo com os papéis
sociais.
Numa retrospectiva breve da história
da família a partir do século X, tomando como base Ariès (1981, p. 105),
veremos que até o referido século a família, inclusive em termos de patrimônio,
não tinha expansão. A partir de então, em decorrência das oscilações do Estado,
a concepção de uma idéia a ser seguida ganha força a exemplo disso visualiza-se
as preocupações a não-divisão do patrimônio.
Somente no século XV as crianças,
especificamente os meninos, passam gradativamente a ser em educadas em escolas
e a família começa a se concentrar em torno delas, garantindo-se entre outras
coisas, a transmissão de conhecimento de uma geração a outra por meio da
participação das crianças na vida dos adultos. Nos século XVI começam a se
operar mudanças na família medieval, que vão se processar até o século XVII.
Neste período, a situação da mulher é também alvo de mudanças, caracterizadas
pela perda gradativa de seus poderes, o que culminava, no século XVI, com a
formalização da incapacidade jurídica da mulher casada e a soberania do marido
na família.
A partir da segunda metade do século
XIX, o processo de modernização e o movimento feminista provocam outras
mudanças na família e o modelo patriarcal, vigente até então, passa a ser
questionado. Começa então, a se desenvolver a família conjugal moderna, na qual
o casamento se dá por escolha dos parceiros, com base no amor romântico, tendo
como perspectiva a superação dos caminhos entre amor e sexo e novas formulações
para os papéis do homem e da mulher no casamento.
Nas famílias hoje, como se pode notar cada vez mais, há a preocupação dos
pais com o bem estar de seus filhos, considerando essa família como primeiro
grupo social, e por onde serão desenvolvidos todos os meios de construção de
sua identidade pessoal e social, o que vem formando-se no que diz respeito à
criação dos filhos, com mais confiança, respeito e autonomia.
Enfatiza Massini (Apud TUNES, 2001, p. 46) que “a sociedade tem uma
enorme responsabilidade na interação das pessoas deficientes, podendo facilitar
ou dificultar o processo social e educacional”. Assim, os aspectos da sociedade
e da família atuando em conjunto na formação desses indivíduos, trazem grande
influência para seu desenvolvimento, podendo ser válido ou não, isto dependendo
de como são tratadas as pessoas com deficiência.
Segundo a CNBB[1]
(2005, p. 43), “quando nasce um filho com deficiência, ou por qualquer
circunstância um filho se torna deficiente, os pais se sentem socialmente
desvalorizados e marginalizados.” A partir daí, são gerados vários
questionamentos, a exemplo de como proceder com aquele filho e como criá-lo.
Muitas são as interrogações que vagam pela mente dos pais, deixando-os confusos
e sem direção aparente.
Ao se
pensar em família atualmente, podemos considerar que diversas mudanças ocorreram
em nossa sociedade, pois houve a construção de novas relações humanas e as
formas como as pessoas estão cuidando de seus familiares. Percebemos então que
os papéis da família não podem ser vistos isoladamente. As mudanças que ocorrem
no mundo afetam a família como um todo e de forma particular cada família,
conforme sua composição histórica e grupo social. Inclusão social pode ser
compreendida um processo que contribui para a construção de uma nova sociedade,
através da própria pessoa que de alguma forma se sente excluída socialmente.
Podemos
conceituar exclusão social como um processo pelo qual a sociedade se adapta em incluir
um de seus sistemas sociais gerais, pessoas com deficiência, negros,crianças,
mulheres, homossexuais, dentre outros e, automaticamente estes se preparam para
assumir seus papéis na sociedade (SASSAKI, 1997). Assim, considerados como
excluídos estes deverão encontrar na sociedade o caminho próprio para seu
desenvolvimento e inserção na sociedade a que pertencem.
A
história é quem revela para a humanidade o caminho percorrido pela exclusão
social e humana do homem do passado. Índivíduos que não correspondiam às
expectativas estabelecidas pela sociedade era banido pela mesma, como o negro,
a pessoa com deficiência e as mulheres, dentre outros. Hoje, essa forma de
eliminação não é mais praticada, porém o que se vê é uma exclusão sutil, que
acontece muitas vezes nas instituições, como cadeias, asilos, casas de repouso
e tantas outras que foram criadas com o objetivo de receber os que são
considerados “diferentes” na sociedade.
Mantoan
(1997, p. 19) diz que enquanto a pessoa está dentro das normas, no anonimato,
ela é socialmente aceita. Basta, no entanto, que ela cometa erro ou adquira
qualquer traço de anormalidade para que seja denunciada como desviante. De
acordo com a autora é preciso se encaixar no perfil que a sociedade determina
como correto, pois quem por algum motivo ou anormalidade não se encaixar nesse
padrão é fatalmente posto de lado e colocado como alguém que não corresponde às
expectativas.
Foi através
das lutas pelos direitos das pessoas portadoras de deficiência que a prática da
integração social se torna mais presente. No entanto, foram os novos
conhecimentos da comunidade científica que revelaram a integração como
insuficiente para o contexto social, considerando que esta parcela da população
não usufruía de maneira plena e igual aos demais.
Considerando
que a diferença é inerente ao ser humano, e reconhecendo a diversidade cultural
em que cada ser pode usar de seus direitos coletivos na sociedade, um novo
conceito surgiu e este denominado inclusão. Este é o termo que se encontra para
definir uma sociedade que trata todos os seus membros como cidadãos legítimos
(MANTOAN, 1997, p. 47).
Importante
ressaltar que a escola é uma instituição mediadora na construção de
conhecimento tendo como um de seus objetivos leva cultura para um número cada
vez maior de pessoas e também esta leva consigo uma gama de responsabilidade.
É
através da escola que a sociedade adquire, fundamenta e modifica,
possibilitando a participação, colaboração e adaptação dos indivíduos. Embora
outras instituição como Igreja e família são importantes colaboradores no
processo de inclusão social, é da escola a maior parcela de contribuição. É
claro que ela não está só, é preciso que a justiça funcione, a saúde abrigue a
todos e que se tenha políticas públicas comprometidas com o cidadão. Quanto
mais cedo sistemas comuns da sociedade adotar a idéia de inclusão social, mais
cedo se completará a construção de uma verdadeira sociedade para todos.
Refletir
sobre o direito que assiste a todo ser humano, decidir qual é a melhor maneira
de conviver com o outro, sem que para isso se tenha que ser igual a outro, é
direito e deve ser respeitado por todos sem exceção. Respeitar as diferenças,
aceitar o outro como ele é, entender que o problema não é ele, mas sim como
sociedade, a partir de conceitos que foram estabelecidos num dado momento em
que a cultura introjetou pensamentos e ações com relação ao “diferentes”.
Reconhecer
as diferenças é essencial no caminho da integração e, principalmente não
esperar uma sociedade homogênea, mas trabalhar de forma que todos tenham a
mesma capacidade na construção do próprio conhecimento, é preciso.
Não
temos que ser iguais, alguns pensam que ficaria mais fácil se enxergar no igual.
Então não haveria necessidade de se auto-reconhecer na diversidade. “Na verdade,
o que o homem vê e teme é a sua própria fragilidade perante a sua própria
limitude. O conflito originado do confronto do que ele é com o que ele pode vir
a ser desperta no homem toda a repulsa em relação a diferença” (MANTOAN, 1997,
p. 19).
Por
vezes, a inclusão é posta em descrédito, por ser ela algo que ainda não
aconteceu, pois os diversos segmentos da sociedade terão que inovar sua própria
prática, seu próprio conceito, e isso mexe com estruturas que estão de certa
forma enraizada. De acordo com Mantoan (1997, p. 19) as grandes inovações,
muitas vezes na concretização do obvio, do simples, do que é possível fazer,
mas precisa ser desvelado, para que todos possam compreender e aceitar sem
resistências é um processo que delonga tempo, uma vez que temos uma construção
histórico-cultural que transformou grupos considerados “diferentes” em
excluídos da sociedade.
Há muito
ainda a ser discutido, pois a sociedade de certa forma, custa a perceber as
mudanças que vão acorrendo e a processá-las em sua prática social, assim, o
padrão de inclusão social é proposto. Este padrão consiste em tornar toda a
sociedade um lugar viável para a convivência entre pessoas de todos os tipos e
inteligências nas realizações de seus direitos, necessidades e potencialidades.
Há necessidade
de se construir uma sociedade democrática e inclusiva, onde todos tenham o seu
lugar e um consenso. O conceito de inclusão nos ensina a não tolerar, respeitar
ou entender o excluído, mas sim a legitimar o direito de todas as pessoas como
condição inerente ao conjunto humanidade. Com referência a este assunto, há a
necessidade de procurar fazer mais e melhor do recurso existente, elevando à
efetividade, a eficácia e a eficiência das políticas públicas nacionais,
constituindo um verdadeiro orçamento unificado que garanta a seguridade social,
com garantia de verbas, mesmo que poucas, porém bem aplicadas.
Quando
um indivíduo não pode participar ativamente na sociedade, isto é entendido como
exclusão, já que os direitos são reservados igualmente a todos. Desta forma,
entende-se como inclusão social “toda forma de oportunidade igualitária dentro
da sociedade, isto em se falando de oportunidades’’ (QUEIROZ, 2004, p.17).
Sabe-se que no contexto historiado, a relação íntima entre a categoria
dos direitos sexuais e dos direitos reprodutivos torna-se muito compreensível e
positiva. Todavia, é preciso avançar. As concepções de direitos sexuais e
direitos reprodutivos, assim, desenvolvidas acabam por concentrar o tratamento
jurídico da sexualidade sob a condição pessoal de um determinado grupo de seres
humanos (as mulheres), agrupando normas de distintos ramos do ordenamento
jurídico a fim de proteger esse grupo da discriminação, promover sua condição,
possibilitar o mais amplo gozo e exercício dos direitos.
Sabe-se que o direito da sexualidade, em suma, alcançaria identidades,
condutas, preferências e orientações as mais diversas, relacionadas com aquilo
que socialmente se estabelece, em cada momento histórico, como sexual (Weeks,
1986, p. 25).
Por fim, no desenvolvimento do direito da sexualidade, deve-se também
salientar a diversidade de perspectivas como elemento essencial a tal
elaboração. Assim como no direito da antidiscriminação, onde não se reduz à
mera soma de situações discriminatórias, pois de fato, estas não existem como
entidades abstratas, sem raça, classe, cor, etnia, idade e assim por diante.
REFERÊNCIAS
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2004
TUNES, Elizabeth. Cadê a Síndrome de Down que estava aqui?
O gato comeu. São Paulo, 2001.
www.hgg.go.gov/social.
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[1]
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
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